Os índios Puri, fugindo dos Botocudo (* ), habitavam a região. O padre Manuel Maria, a mando do governador Luiz Diogo, fazia incursões pela área, “catequizando” os silvícolas e assim as concessões de terra seriam mais facilmente ocupadas. Proibidas as “bandeiras” de penetrarem nos sertões, e somente permitidas as que fossem para o descobrimento do outro, nesta região “com suas planícies e vales banhados por águas por águas do formoso rio e seus afluentes piscosos, cercados de florestas as mais belas e abundantes” . * Assim era a região por volta de 1758, quando se criaram condições para o “assentamento das primeiras cabanas do aldeamento, células toscas, rudimentares, de que todavia tinha de se desatar o cristianismo da Mata.” “No mesmo local em que se vê hoje a matriz (da cidade do Pomba) erigiu-se o humilde santuário, numa choça coberta de palmitos, mas com o venturoso destino de propagar a luz perene de sua lâmpada nas mil igrejas suntuosas, que hoje celebram o triunfo inefável da redenção em toda zona mineira .” O aldeamento de São Manoel criou condições para novas investidas: fizeram derrubadas, abriram caminhos, novas fazendas e segundas aldeias se formaram, das quais a de São José do Paraobeba (hoje Tocantins) e a do Espírito Santo (hoje guarani) denominada anteriormente de Cemitério, por se ter achado no local um certo número de urnas contendo múmias.
Mas, notícias da criação do povoado de Santo Antônio do Porto Alegre de Ubá remontam ao ano de 1808, quando era governador Pedro Maria Xavier e sendo considerados como fundadores João Marques da Costa, João Afonso Lemos e Ângelo Gomes Moreira.
No ano de 1816, tem-se o primeiro documento falando do povoado, encontrado no Arcebispado de Mariana e que foi concebido nos seguintes termos: “Patrimônio de Santo Antônio do Porto Alegre de Ubá, freguesia do Pomba, comarca de Barbacena. Attesto debaixo de juramento aos Santos Evangelhos, que em concurrencia do povo do districto de Santo Antônio do Porto Alegre de Ubá, com esmolas dos moradores, erigimos uma capella de Santo Antonio na qual lhe demarcamos uma quarta de terra livre, para patrimônio da mesma capella, cujo logar não tem senhorio algum. Barbacena, 30 de janeiro de 1816. Ângelo Gomes Moreira” . E é de 1839 a primeira escritura que teve como vendedores José da Silva Spínolo e sua mulher, e comprador Carlos José Fialho; nesta época o distrito pertencia ao município da Vila do Pomba, hoje Rio Pomba.
Em abril de 1841, por lei, foi criado o município de São João Nepomuceno, neste ato passou o distrito de Santo Antonio do Porto a pertencer a esta nova municipalidade. Mas a lei 365 de 1848 desmembrou o Porto do município de São João Nepomuceno e reincorporando-o ao do Pomba. Dois anos mais tarde o distrito foi suprimido pela lei 472 de 1850 que dividiu o seu território pelos municípios do Pomba e São João Nepomuceno. Mas a lei 720 em 1855 restaurou o distrito dando-lhe novas limitações.
Por força da lei 969, em 1859 passou o distrito a fazer parte da freguesia do Espírito Santo do Pomba, atual Guarani, município criado naquele ato. Já a lei 1188 de 1864 transferiu a sede da freguesia do arraial do Espírito Santo do Pomba para a Capela do Porto de Santo Antônio , com esta última denominação. Já no ano de 1868, a lei 1586 fixou as divisas desta nova freguesia.
Logo depois, porém, em 1870 por meio da lei 1676 transferiu-se novamente a sede da freguesia do Porto para o arraial do Espírito Santo (hoje Guarani). Mas novamente em 1873 a lei 2035 restaura a Paróquia do Porto de Santo Antônio, sendo que em 1876 parte de seu território foi perdido para a freguesia de São Januário de Ubá e em 1879 novamente foi perdido parte de seu território para a freguesia de Descoberto, termo de Rio Novo.
Finalmente, após este conturbado início de povoamento, a lei 3589 de 28 de agosto de 1888 transferiu o vínculo político com o município do Pomba para o de Cataguases. Esta transferência é fruto de uma solicitação dos moradores locais que contou com o apoio do então Deputado Provincial Dr. Luiz Vieira de Resende e Silva (lei 3589 de 28 de agosto de 1888). Àquela época, os habitantes do Porto fizeram uma extensa e fundamentada representação junto à Assembléia Legislativa Provincial, que de forma democrata satisfez o deseja daqueles moradores.
Esta representação foi assinado por 111 pessoas de “qualidade”, inclusive as autoridades policiais e de paz. Transcreve-se aqui trecho desta manifestação popular:
“Ao passo que os abaixos assignados distam apenas 23 kilômetros estrada de ferro de Cataguazes, com dois trens diários, teem para a cidade do Pomba 80 kilometros, e viagem de três dias (ida e volta)!! Se apenas 24 kilometros de viagem a cavalo os separam de Cataguazes, para a cidade do Pomba tem de vencer 54 kilometros e em péssimas estradas” .
A criação de um ginásio – Companhia União Educadora – ocorreu no ano de 1890 e contava com 20 alunos matriculados, sendo seus professores Antonio Ferreira de Souza Primo, Aldana Gomes e Professor Albernaz. Esta escola teve duração curta, pois fundada por Manoel Henriques Justino da Costa, Modesto Pinto Coelho, Cel. Antonio Martins da Costa Cruz e Cel. João Viana, teve suas atividades encerradas em 1892 devido à forte epidemia de febres que assolaram a região.
Em 1892 foi criado o primeiro Conselho Distrital, sendo seu presidente o senhor Manoel Hipólito Simões da Costa no período de 1892 a 1894, tendo sido construído o Cemitério em 1893, ao custo de 2:600$000, verba especial votada no combate à epidemia de febre.
Segundo Conselho, presidido pelo Senhor João Francisco Mascarenhas, entre os anos de 1895 a 1897, quando foi construído o Hospital de Isolamento ao custa da “elevadíssima soma de 11:342$988, “isto em 7 de dezembro e na noite de 31 de dezembro para 1º de janeiro de 1896 foi o mesmo totalmente destruído e seus restos vendidos posteriormente por 600$000.
A Estação da Estrada de Ferro Leopoldina foi inaugurada em 1897 e entre os anos de 1898 a 1903 o Terceiro Conselho Distrital, presidido por Mariano Antonio Pereira, construiu a primeira rede de água potável, grande obra, ao preço de 9:600$000 e também adquirido o prédio para as sessões do Conselho, pelo valor de 2:200$000.
No início do novo século tem-se: 1900 – editado o jornal “Minas Cathólica”, 1904 – inauguração dos serviços de luz elétrica, 1915 – inauguração do serviço telefônico, 1919 – inauguração do primeiro Grupo Escolar, 1925 – construção da ponte de cimento armado sobre o rio Pomba.
Este vínculo com o município de Cataguases perdurou até o ano de 1938, quando pelo Decreto 148 de 17 de dezembro de 1938 elevou o Distrito do Porto de Santo Antônio à categoria de município, com o nome de Astolfo Dutra em homenagem ao jurista e deputado cataguasense Astolfo Dutra Nicásio, autor de Código Civil e eleito por 6 vezes presidente da Câmara dos Deputados (1864/1920). E, em 1º de janeiro do ano de 1939 foi instalado definitivamente o município, tendo como seu primeiro Prefeito o Sr. Olyntho Almada , nomeado Interventor do Estado de 1º de janeiro de 1939 a 1º de março de 1945.
Como boa parte da Zona da Mata, o município teve sua economia baseada inicialmente na lavoura do café e, posteriormente na lavoura do fumo, cultura esta que alavancou a economia local, passando naquele momento a vivenciar um período de muita prosperidade, chegando a possuir até uma fábrica de cigarros de papel, novidade para a época, além dos muitos armazéns de fumo em corda, cuja produção era distribuída por quase todas as regiões do país. Com o fim desse período de prosperidade, fruto da decadência do fumo ocorrido nas décadas de 60 e 70, iniciou-se um processo contínuo de industrialização (pequena indústria), principalmente no setor de Confecções que juntamente com a hoje já extinta Usina Açucareira Paraíso e as Massas Portuense, eram os maiores empregadores do município, fazendo com que Astolfo Dutra se diferenciasse um pouco dos municípios vizinhos em relação a sua economia, pois com a decadência do fumo e posteriormente da monocultura da cana de açúcar, pouco de produzia no campo, aliando ainda a sempre incipiente pecuária de leite; desta forma concentrou-se assim quase toda sua produção econômica na cidade.
Passados mais de 60 anos desta emancipação, Astolfo Dutra conta hoje com cerca de 12000 habitantes (11.525 – censo de 2000) e distribuídos pela sede, dois distritos (Sobral Pinto e Santana de Campestre) e Zona Rural em 160,18 km2 de extensão territorial, temperatura média anual em torno de 24,5° C, altitude de 237 metros de altitude, latitude 21° 18′ 53” lat. S e longitude 42° 51′ 44” lomg W Gr. Distante 281 km da Capital, Belo Horizonte, tem como principais vias de acesso as rodovias BR 116 e MG 285, fazendo limite com os seguintes municípios: Ubá, Rodeiro, Guarani, Descoberto, Itamarati de Minas e Dona Euzébia.
Possui um Hospital e um Centro Municipal de Saúde (Policlínica). Suas principais atividades econômicas são a indústria e a agricultura, destacando-se nesta a produção de café, bovinicultura do leite, avinicultura de corte e fruticultura. Sua produção industrial passa pelo ramo de massas alimentícias, confecções e vestuário, adubo e industrialização de sucos e polpas de frutas.
Astolfo Dutra possui como referência algumas obras arquitetônicas de estilo modernista como a Igreja Matriz de Santo Antonio e o Caramonãs Tênis Clube , além de algumas residências de particulares, todas frutos da concepção do filho da terra e conceituado arquiteto Flávio Almada ; estas obras acompanharam a onda modernista acontecida em Cataguases que produziu reflexos por aqui trazendo não só linhas linhas arquitetônicas novas, mas também conceitos vanguardistas que estão aqui eternizados por marcarem o estilo de uma época.
Um dos filhos mais ilustres do município foi o saudoso ator de teatro, cinema e tv, Luís Linhares , que hoje conta com um Centro Cultural em sua homenagem, construído e entregue a comunidade em 24 de julho de 1998. Luiz Linhares foi o ator preferido de Nélson Rodrigues, segundo Walter Clark em seu livro “O Campeão de Audiência”. Linhares contracenou com grandes nomes do teatro, cinema e tv, principalmente nas décadas de 50 e 60. Entre várias produções que participou, pode-se destacar no cinema as obras “Gabriela” e “O Bandido da Luz Vermelha”, além de inúmeras peças teatrais como “Vestido de Noiva” de Nélson Rodrigues. Luíz Linhares ainda escreveu peças de teatro e um livro.
As festas mais tradicionais de Astolfo Dutra são a “Semana Portuense”, organizada pelo Caramonãs Tênis Clube visando a confraternização do Portuense ausente e presente, e que tem seu ápice no encerramento onde a mais de 30 anos acontece o Festival de Chopp , e também a “Festa em homenagem ao Padroeiro Santo Antonio”, que acontece em junho, promovida pela Igreja Católica.
É necessário ressaltar que existe no município uma concentração muito grande de famílias com descendência italiana, o que fez surgir uma certa sintonia entre as famílias hoje remanescentes e também a valorização, ainda que incipiente, da cultura daquele país de origem desses imigrantes que aqui aportaram. Todos os relatos desse processo de chegada dos imigrantes italianos, ainda no século passado, naquele momento instalando-se em uma colônia agrícola cuja formação fora fomentada pelo governo do estado e denominada”Colônia Santa Maria”, está relatada no editado livro “Imigrantes Reverência”, obra da professora Rosalina Pinto Moreira , que busca resgatar os valores históricos e sociais, bem como a importância econômica da imigração em Astolfo Dutra.
Banhado em toda sua extensão pelo Rio Pomba, destaca-se também em Astolfo Dutra a “Área de Lazer Augusto Tilli”, construída junto à cachoeira do Ribeirão Boa Vista, afluente do Rio Pomba e sobre um antigo Lixão na cidade, hoje servindo ao lazer de toda a comunidade, bem como aos visitantes que procuram momentos de descontração. Deve-se destacar também que um dos principais atrativos do município hoje é a noite agitada de seus finais de semana trazendo da região centenas de turistas que aqui vêm curtir uma das melhores danceterias do interior de Minas – o “Barracão Dance”, além das choperias sempre repletas de juventude e alegria, além também da descontração do “Caramonãs Tênis Clube”.
PREFEITOS:
• Olyntho Almada – nomeado pelo Interventor Benedito Valadares, 01/01/1939 a 28/02/1945;
• Alencar Ribeiro – nomeado, 01/03/1945 a 01/12/1947;
• José Vieira da Silva – 1º eleito – 15/12/1947 a 30/01/1951;
• Domingos Gomes de Oliveira – 31/01/1951 a 30/03/1954;
• José Menezes Pereira – 01/04/1954 a 30/01/1955;
• Olyntho Almada – 31/01/1955 a 30/01/1959;
• Newton de Almeida – 31/01/1959 a 30/01/1963;
• Plínio Linhares – 31/01/1963 a 30/01/1967;
• Nicolau Defilippo – 31/01/1967 a 30/01/1971;
• Domingos Gomes de Oliveira – 31/01/1971 a 13/05/1972
• Manoel Ferreira Borges – 14/05/1972 a 30/01/1973;
• Anésio Ventura Lippi – 31/01/1973 a 30/01/1977;
• Manoel Ferreira Borges – 31/01/1977 a 31/01/1983;
• Viterbo Vaz – 01/01/1981 31/01/1981;
• Anésio Ventura Lippi – 01/02/1983 a 31/12/1988;
• José Natalino Benini da Cunha – 01/01/1989 a 31/12/1992;
• Anésio Ventura Lippi – 01/01/1993 a 28/03/1996;
• Hélio Fábio de Paula Andrade – 29/03/1996 a 31/12/1996;
• Arcílio Venâncio Ribeiro – 01/01/1997 a 31/12/2000;
• Arcílio Venâncio Ribeiro – 01/01/2001 a 31/12/2004;
• José Natalino Benini da Cunha – empossado em janeiro de 2005.
• Arcílio Venâncio Ribeiro – 2009 a 2012;
• Arcílio Venâncio Ribeiro – 2013 a 2016;
Distância de Astolfo Dutra a:
Belo Horizonte 281 km
São Paulo 560 km
Rio de Janeiro 250 km
Vitória 430 km
Brasília 1.020 km
(*) conforme resolução da Academia Brasileira de Letras, foi abolida a pluralização de nomes de tribos ou grupos indígenas.
fonte: (site http://www.astolfodutramg.com.br)